Após meses de muito trabalho e correria em São Paulo, o pai de família Alan Martins levou amigos e família para vislumbrar as belezas naturais da Chapada dos Veadeiros no feriado da Independência. Era um dia tranquilo e ensolarado, perfeito para mergulhar em uma cachoeira, mas então fez a fatídica escolha de pular dentro de uma queda-da-água fora da zona segura. Naquele dia 8 de setembro de 2023, o seu grupo voltou com menos um integrante para São Paulo.
Esta é apenas uma história dos mais de 160 casos de afogamentos registrados entre janeiro e novembro deste ano, um aumento de 60 casos envolvendo a morte comparado com o ano de 2022 durante o mesmo período. Para se ter uma noção, este número corresponde a um acréscimo de 60%, um levantamento bem maior do que o esperado e o preferível. Dito isso, os últimos quatro meses de julho a outubro mantiveram números altos de ocorrências registradas, mantendo-se acima ou igual a treze casos por mês.
Para se ter um melhor entendimento do assunto, o jornal O Hoje entrou em contato com a equipe do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBM-GO) para ter uma compreensão melhor dos casos como de Alan Martins. De acordo com dados divulgados pelo CBM, os meses que mais contaram com casos de afogamento foram julho e outubro com 22 óbitos confirmados, na mesma época das férias e do aumento das temperaturas, com novembro chegando a metade dessas ocorrências no meio do mês.
Além disso, os locais com maior número de mortes foram em lagos, representando cerca de 38% das fatalidades, um aumento em 2023 se comparado com o ano de 2022 inteiro, com 58 casos contra 35, respectivamente. As cidades com altas de casos foram Goiânia, São Simão e Uruaçu, com outubro e abril sendo os meses com maior quantidade de ocorrências.
Outro dado importante foi que observado é que a grande maioria dos casos, tanto de 2023 como 2022 ocorreram no entorno de Goiânia com 15 mortes, sendo 10 delas ocorridas em piscinas, e no período de setembro levando 5 pessoas ao óbito por este motivo. Neste mesmo mês, Goiânia registrou uma de suas maiores temperaturas da história, batendo o recorde de 39,2°C, o maior número desde 1987, há 11 anos. Com isso, o mês de novembro também teve a maior alta temperatura já vista na época no último domingo (15) com 39,3°C .
A partir destes dados, o jornal O Hoje falou com o Tenente Coronel Luiz Eduardo Lobo do CBM. De acordo com ele, houve sim a percepção da relação entre o aumento das temperaturas para com o maior número de ocorrências. “As altas temperaturas contribuíram muito para o aumento de incidência, já que o público procura lazeres aquáticos como lagos, rios e piscinas”.
Contudo, apesar desta suposta relação do aumento perceptível, ele lembrou que as incidências são algo difíceis de prever devido à oscilação dos casos. “É um tipo de ocorrência que oscila muito, e é frequente mesmo não seguindo um padrão exato, sabemos que envolvem muitas crianças e homens adultos mas não conseguimos prever com exatidão onde e quando irá ocorrer”, relata Tenente da CBM
Mesmo assim, Luiz Eduardo frisa que apesar do aumento o Corpo de Bombeiros continua fazendo ações para dar segurança às pessoas. “Trabalhamos muito para a orientação do cidadão. Principalmente em questões de segurança como o uso do colete, a preferência de lugares com disponibilidade de salva-vidas, não nadar sob efeito de álcool ou outras substâncias entorpecentes. Além disso, o óbvio cuidado das crianças e a atenção constante sobre elas quando forem nadar”, diz o Tenente do CBM, citando também a disponibilidade no 193.