Receita Federal, querido órgão federal, qual prazer existe em ver o orgulhoso bagunçado trabalhador brasileiro se descabelando? Não tenho dúvidas que habita no íntimo desta autarquia um sádico de alto gabarito. Só assim pra seguir com a vida institucional adiante enquanto a gente pira pra dar conta de tanta demanda.
E junta declaração escolar de filho, e busca despesa com profissionais de saúde, e vai atrás do banco para pegar comprovantes, e vai conversar com o pessoal do RH para entender a papelada… Está aberta a temporada do martírio.
Claro que gente metida a faz tudo da minha estirpe não paga contador pra realizar esse trampo. Eu sou o tipo de cara que faz cerveja em casa, dá uma de eletricista e mexe no disjuntor do quadro de energia da casa, não paga jardineiro e poda as plantas de casa com o próprio suor. Não vai ser uma papelada e um programinha que puxa dados dos anos anteriores que vai me fazer arregar, né? Não mesmo.
Nem sei se é o mais inteligente a fazer, certamente não é, mas é o que faço. Enfio a cara sem dó nos números financeiros de meu ano anterior para prestar contas ao Governo.
A primeira tristeza é ver que passou tanto dinheiro pelas minhas mãos ao mesmo tempo em que minha conta permanece no vermelho. Sou mesmo um lixo de administrador do próprio orçamento. A segunda é ver que ainda vou morrer em bons mil reais pra ficar quite com o Leão. É de chorar.
Como sou jornalista assalariado que tem um monte de empregos que pagam pouquinho cada pra compor uma renda bem mais ou menos, o tributo vem que vem quicando pro meu lado. Além do que já fica retido na fonte, pago mais um tanto que me debilita seriamente no restante do ano.
Por isso que sempre deixo para fazer e entregar minha declaração em um dos dois feriados: Sexta-Feira da Paixão ou Tiradentes. Em homenagem aos protagonistas das datas, fico entre a crucificação ou o enforcamento.
Fonte: Mais Goiás