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Radialista de Formosa é condenado por chamar praticantes de candomblé de “povo do mal”

Ambos foram condenados ao pagamento de R$ 100 mil de indenização por danos morais coletivos

Publicada em 14/06/24 às 07:35h - 35 visualizações

por Eduardo Pinheiro


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 (Foto: Pixabay)

A justiça de Goiás condenou o radialista Fábio José de Souza Rodrigues e a empresa Lance 7 Publicidade e Eventos Ltda a se retratarem publicamente de um discurso de ódio feito contra pessoas praticantes de religiões de matriz africana. O caso aconteceu no programa “Café com notícias” veiculada na Rádio Lance FM, em 14 de março de 2023. Na ocasião, o apresentador chamou praticantes de candomblé de “povo mal”.

A informação é do site do Tribunal de Justiça de Goiás e o Mais Goiás está aberto à manifestação da defesa.

A retratação deverá ser feita no mesmo veículo em que foi realizada a ofensa e a edição em que consta o discurso, e deve ser retirada definitivamente das redes sociais e demais plataformas digitais.

Na decisão, o juiz Pedro Piazzalunga transcreveu parte do discurso de Fábio José feito na emissora de rádio, no trecho em que o apresentador afirma: “Agradeço a Deus pela libertação todo dia, pela proteção que ele nos dá aqui na rádio, porque quando a gente fala as coisas aqui, tem o povo mal. Tem o povo da macumba, tem o povo do candomblé, tem o povo da seita negra, mas contra tudo isso tem o sangue de Jesus. Se ele te reveste contra esse sangue, não tem ninguém que vença, certo?”.

Para o magistrado, o trecho demonstra ser inegável que Fábio José proferiu discurso discriminatório, com plena consciência e vontade de demonstrar seu desprezo e sua visão equivocada de superioridade em relação aos adeptos da religião que atacou.

Juiz determinou indenização

A sentença manda ainda que os réus promovam campanha contra a discriminação das pessoas praticantes daquela religião, mediante vinhetas, com inserções diárias, por 30 dias, na rádio. Por fim, ambos foram condenados ao pagamento de R$ 100 mil de indenização por danos morais coletivos, a serem revertidos em projetos educativos e informativos sobre as religiões de matriz africana.

As condenações foram pleiteadas pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) em ação civil pública com pedido de tutela de urgência.

Ao analisar o caso, o juiz Pedro Piazzalunga salientou que o MPGO juntou na ação escritos e vídeos que reproduzem com fidelidade a transmissão. Observou que, por outro lado, Fábio confirmou a autenticidade das provas, limitando-se a afirmar que “jamais buscou disseminar ódio e ainda mais cometer o crime de racismo. Que em momento algum falou com intenção de menosprezar, humilhar, constranger alguém ou a coletividade em geral”, bem como que “estava se manifestando sobre religião e política”.

“A liberdade de imprensa também se reveste de conteúdo constitucional, estando indissociavelmente relacionada com a própria garantia do Estado Democrático de Direito. Isso não significa, contudo, que se trate de direito de caráter absoluto, a impedir a justa responsabilização por excessos cometidos no livre exercício da atividade jornalística”, ponderou Pedro Piazzalunga.




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