Na madrugada de 5 de julho de 1924, ocorreu o início de uma revolta militar que culminou no bombardeio de uma grande parte da cidade de São Paulo, completando cem anos desde então.
Os militares rebeldes, de um lado, buscavam encerrar o período conhecido como República do Café com Leite, marcado por eleições fraudulentas e acordos políticos que concentravam o poder federal em poucas mãos.
Enfrentando-os estavam os militares leais aos governos da província de São Paulo e ao governo federal. Segundo a historiadora Ilka Stern Cohen, a cidade de São Paulo foi não apenas o cenário, mas também a vítima de uma tentativa fracassada de golpe de Estado.
Durante os conflitos, ruas e avenidas foram transformadas em barricadas e trincheiras, visando dificultar o avanço do inimigo. O uso de paralelepípedos foi comum, dada a falta de asfalto na época, além de sacos de açúcar, feno e outros materiais que impedissem a passagem de projéteis inimigos, como explicou o coronel da PM e historiador Sérgio Marques.
Na extremidade do Viaduto Santa Efigênia, localizado no Centro da cidade, a igreja foi cenário de disputas entre rebeldes e legalistas durante o conflito. As fachadas laterais e centrais da igreja ainda exibem marcas dos tiroteios da época, devido à sua construção em pedra sem revestimento, o que contribui para a preservação dessas marcas até os dias atuais. A história é transmitida pelos párocos da Igreja de Santa Efigênia.
“A basílica está situada em uma região com diversos hotéis, atraindo muitos visitantes que desejam conhecer esse marco turístico de São Paulo. Sempre que possível, eu e os funcionários explicamos a história do local durante a Revolução de 1924. Procuramos sempre destacar as marcas de tiros presentes”, afirmou o pároco João Paulo Rizek.
Ele acrescentou: “Já preparamos um folheto que aborda a história da revolução, visto que revoluções geralmente representam momentos tristes, marcados pela falta de diálogo. É essencial relembrar tais acontecimentos para evitar que se repitam.”
Na Alameda Glete, localizada no Centro da cidade, o Liceu foi alvo de três disparos de canhão logo no início do conflito. É provável que a artilharia visava as proximidades do Palácio dos Campos Elíseos, residência do governador de São Paulo naquela época.
Os fragmentos das balas de canhão encontram-se em exposição no museu do Liceu. Os portões da escola ainda ostentam marcas dos disparos efetuados durante aqueles dias.
Durante os combates, o diretor da escola fez a promessa de erguer uma capela dedicada a Santa Teresinha, caso nenhum estudante ou funcionário fosse morto. Essa promessa foi cumprida com a construção da igreja em Santana, situada na Zona Norte da cidade. Posteriormente, ao lado da igreja, a mesma ordem católica fundou um outro colégio.