O presidente da Argentina, o ultraliberal Javier Milei, chega ao Brasil na noite deste sábado, 6, para participar da Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC Brasil) junto com representantes da direita e extrema-direita no Ocidente, junto da Família Bolsonaro. O evento acontece em Balneário Camboriú, em Santa Catarina.
Na segunda-feira, 8, no Uruguai, a Cúpula do Mercosul se reúne sem Milei, que já cancelou sua participação na reunião. Não existe nenhuma visita protocolar agendada com o atual chefe de estado brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A agenda de Javier Milei prevê a chegada do presidente em Santa Catarina na noite de hoje, 6. Um jantar entre o argentino, alguns governadores como Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Jorginho Mello (PL), e a família Bolsonaro deve acontecer. No domingo, 7, Milei faz seu discurso no CPAC.
Devem comparecer ao evento, organizado por Eduardo Bolsonaro (PL), Millei, Bolsonaro, Tarcísio, o chileno José Antonio Kast (que tenta a presidência de seu país pela terceira vez), o ministro da Justiça de El Salvador, Gustavo Vilatoro (um dos responsáveis pela política de prisões em massa em seu país), a deputada portuguesa Rita Matias, o eurodeputado holandês Rob Ross, o mexicano Eduardo Verástegui (ator e produtor do polêmico filme Som da Liberdade), além de deputados da Hungria e da Polônia.
A ideia do encontro é reunir representantes da direita e da extrema-direita e evidenciar o movimento na América Latina, formando, inclusive, uma rede de apoio para esse grupo. Estão previstos, entre outras coisas, debates sobre segurança pública pensando nos “direitos humanos focados na vítima e não no criminoso” (com participação do secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PL), criticado pelos excessos nas operações na Baixada Santista).
Ao Estadão, Eduardo Bolsonaro afirmou que o evento contará com críticas à economia verde, combate ao feminismo e ao aborto e debates contra o intervencionismo econômico.“Isso prova que, na verdade, nós não somos pessoas isoladas, que estão tendo um devaneio. O que a gente está falando é o que a maioria do Ocidente está pensando”, concluiu Eduardo Bolsonaro.
Vale destacar que Jair Renan, filho de Jair Bolsonaro, é candidato a vereador em Balneário Camboriú, cidade na qual acontece o encontro conservador.
Cenas de entrevista do presidente Lula mostram que o petista disse que Milei deveria pedir desculpas por algumas de suas declarações durante as eleições de 2022 sobre o governo brasileiro e a pessoa de Lula. “Muitas bobagens”, afirmou o petista. A resposta do argentino inflamou ainda mais a situação: “Qual o problema de chamá-lo de corrupto? E por acaso não foi preso por ser corrupto? Eu o chamei de comunista. E por acaso não é comunista?”.
Apesar de ter adotado uma postura de precaução, o Itamaraty não descarta retaliações diplomáticas às provocações de Javier Milei.
“Ele não é nenhum fã do Lula. Já deu para perceber isso. Ele só vai encontrar o Lula quando realmente não tiver outra possibilidade, quando for um encontro de um grupo de países em que não houver outra alternativa”, disse Eduardo ao Estadão. Na última reunião do G-7, Lula e Milei apenas trocaram cumprimentos protocolares.
Em suas falas, o filho do ex-presidente inelegível destaca esperança com as eleições nos Estados Unidos e possibilidade de vitória de Donald Trump, e acusa Lula de tentar intervir nas eleições argentinas através de empréstimo do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF).
“Ele [Milei] é maior de idade, é presidente de um país e tem que ser respeitado. Se o Lula quiser falar em pedir desculpa, pode começar pedindo desculpa para o Milei porque ele, sim, fez uma intervenção eleitoral”, concluiu Eduardo Bolsonaro.