Uma nova tática de combate introduzida nas guerras entre facções criminosas vem chamando a atenção da Polícia Civil do Rio de Janeiro. A briga pelo controle dos narco-territórios na Zona Norte da cidade ganhou um elemento tecnológico: o uso de drones para realizar ataques aéreos com explosivos. Esse método insólito de combate trouxe uma nova dimensão para a segurança pública do estado.
Vídeos captados pelos equipamentos dos próprios criminosos foram fundamentais para que a polícia identificasse essa tendência preocupante. As imagens mostram explosivos sendo lançados sobre áreas dominadas por grupos rivais, uma estratégia que já resultou em ferimentos graves em múltiplos confrontos, como o registrado recentemente no Morro do Quitungo, que deixou cinco homens feridos.
Em um cenário onde a inovação tecnológica e o crime se encontram, os drones que antes eram utilizados primariamente para filmagens e levantamentos aéreos, agora são adaptados para fins bélicos. Nestes casos, os dispositivos são equipados para carregar e lançar granadas nos territórios inimigos, uma ferramenta que eleva o nível de perigo nas já turbulentas áreas de conflito nas favelas do Rio.
Embora os drones militares compartilhem algumas semelhanças com seus homólogos usados pelos traficantes, como a capacidade de voo autônomo e a realização de reconhecimento remoto, os equipamentos empregados nas favelas são em geral versões comerciais modificadas, bastante distintas daqueles desenvolvidos para operações militares, que possuem tecnologia de ponta e alto poder destrutivo. Os dispositivos adotados pelos criminosos são acessíveis e podem ser obtidos facilmente em plataformas de comércio eletrônico, configurados depois para atender as necessidades específicas de cada facção.
O clima de medo já constante nas comunidades afetadas escalou com a introdução desta nova arma no arsenal dos traficantes. A população vive sob a constante ameaça de ser pega no fogo cruzado de um conflito que agora também vem dos céus. Além disso, essas áreas têm sido monitoradas pelos criminosos com o uso contínuo de drones, aumentando o controle territorial e a vigilância sobre as movimentações de rivais e da própria polícia.
A resposta das autoridades não tardou. A delegacia especializada em armas, munições e explosivos (Desarme) já está mobilizada com um inquérito aberto para identificar os responsáveis pelo uso destes equipamentos avançados em atos criminosos. Paralelamente, a Polícia Militar intensificou suas operações na área, com remoção de barricadas e aumento do patrulhamento, numa tentativa de recuperar a ordem e a segurança nas localidades mais afetadas.