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Mulher doa próprio útero para que irmã possa engravidar: ‘Pensei primeiro em realizar o sonho dela ao invés de ser mãe’

No dia 17 de agosto, Jéssica Borges e Jaqueline Borges passaram pelo primeiro transplante de útero entre mulheres vivas na América Latina.

Publicada em 30/09/24 às 16:33h - 18 visualizações

por Fantástico


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 (Foto: G1)

Jessica virou adulta, se casou. Ela tem três irmãos, tem cunhados, sobrinhos.

“A minha família sempre foi grande. Eu quero alguém para chamar de mãe, para a gente brigar, quero poder ter esse amor”, afirma.

O nome da alteração congênita é Síndrome de Rokitansky, atinge uma em cada 4 mil mulheres. Elas nascem com ovários, podem ovular, mas a função reprodutiva não se completa.

“As mulheres são normais sob o ponto de vista ginecológico e não apresentam útero, e essa é uma das indicações de transplante de útero”, explica Edmundo Baracat, ginecologista da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).

“No mundo todo já foram realizados mais de 100 transplantes de útero, e nós já temos mais de 50 crianças nascidas”, diz Dani Ejzenberg, obstetra da FMUSP.

Quando a Jéssica entrou na fila, o Hospital das Clínicas, que foi pioneiro na América Latina no transplante com doadora morta, já pesquisava o transplante com doadora viva. E, imediatamente, a Jaqueline, uma das irmãs dela, se ofereceu para doar.

“Eu sou muito família, né? Eu penso mais neles do que em mim. Então, eu pensei primeiro em realizar o sonho dela, ao invés de ser mãe, sabe?”, conta Jaqueline Borges.

Nesse momento, Jéssica rejeitou a oferta da irmã, que ainda não tinha filho. O tempo passou e os filhos da Jaqueline e do Jones vieram – hoje têm 6 e 4 anos. No dia 17 de agosto, Jéssica e Jaqueline passaram pelo primeiro transplante de útero entre mulheres vivas na América Latina.

Repórter: Quando você decidiu fazer a cirurgia e doar o seu útero, você pensou que é uma cirurgia grande, que implicaria questões da sua saúde, que a recuperação é delicada, tudo isso passou pela sua cabeça?
Jaqueline: Sendo sincera, não. Não passou nada disso. Eu sabia dos riscos, todo o tempo os médicos me falaram, mas não passava tudo isso na minha cabeça, não.

Foram dez horas de procedimento. Um mês depois, o corpo da Jéssica deu o primeiro sinal da vida nova.

“Eu fiquei totalmente insegura, porque para mim é tudo novo. Eu nunca menstruei. Fiquei muito insegura, mas feliz. Porque é sinal de que está tudo certo, é sinal de que daqui a pouco eu vou poder colocar os meus embriões”, diz Jéssica.

Jéssica tem 11 embriões congelados no Centro de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas. A previsão é que a implantação seja feita em seis meses.

“Eu acho que é uma história muito bonita e agradeço muito a Deus pelo carinho que uma tem pela outra”, diz Simone Borges.



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