Nos últimos anos, a elevação dos diagnósticos de câncer de mama entre mulheres com menos de 40 anos tem despertado a atenção de especialistas e fortalecido a relevância da conscientização. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), embora a maioria dos diagnósticos ainda seja feita em mulheres acima dos 50 anos, as ocorrências em outras faixas etárias têm crescido.
“Esse aumento pode estar relacionado a fatores como estilo de vida, predisposição genética, uso prolongado de anticoncepcionais e outros comportamentos de risco”, afirma o médico oncologista, Gabriel Felipe Santiago.
Prevenção
Nesse contexto, outubro se apresenta como um lembrete essencial para todas as mulheres: a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama, principalmente em razão do aumento dos casos em mulheres jovens e da necessidade de atenção a essa questão.
Considerando que este é o tipo de câncer mais frequente entre as mulheres no Brasil e no mundo – excluindo-se o câncer de pele não-melanoma -, a campanha enfatiza a importância de incentivar a realização de exames e a disseminação de informações que podem salvar vidas e diminuir a taxa de mortalidade em até 30%.
“Com essa conscientização, as pacientes passam a ter mais informações sobre a doença, fatores de risco, sinais, sintomas e métodos de diagnóstico. Por isso, elas são importantes para trazer conhecimento”, explica Gabriel.
Com esse aviso, o médico destaca a relevância da detecção precoce da doença, uma vez que, nos estágios iniciais, a probabilidade de cura é de até 95%. Nesse sentido, a mamografia continua sendo o exame mais eficaz para identificar tumores assintomáticos. De acordo com o especialista, mulheres com 40 anos ou mais devem fazer o exame anualmente, ou conforme a recomendação médica, especialmente em casos de histórico familiar.
Além disso, Gabriel ressalta a importância de adotar medidas preventivas para a saúde das mamas. “Algo que deve ser lembrado é o autoexame. Toda mulher acima dos 20 anos deve realizar a palpação das mamas, buscando alguma alteração de forma, tamanho, presença de nódulos na mama ou nas axilas, alterações na pele ou a presença de alguma secreção anômala no mamilo. O que geraria preocupação seria a secreção com sangue ou cristalina, similar a água de rocha”, revela.
Embora seja desafiador identificar um padrão de sintomas, o oncologista aponta alguns fatores de risco associados à doença. Entre eles estão a obesidade, o sedentarismo e uma dieta rica em gordura animal, carne vermelha e processada e pobre em frutas, verduras e legumes. Ademais, o uso da terapia de reposição hormonal por um longo período, especialmente após a menopausa, e o histórico familiar também levam a uma predisposição ao câncer de mama.
“Atualmente, existem muitos avanços da doença. Novos medicamentos, como a imunoterapia, estimulam o sistema de defesa da paciente a combater a doença. Temos também algumas novas drogas orais, algumas chamadas de drogas-alvo, que agem diretamente em algumas mutações específicas. Então, temos um arsenal terapêutico muito variado e com grandes inovações no tratamento da doença que vem auxiliando no controle dela. É importante o diagnóstico precoce, mas mesmo nos casos em que o câncer de mama já está um pouco avançado, conseguimos o controle bastante eficaz “, conclui.