Homens armados e encapuzados invadiram o estúdio da emissora TC Televisión em Guayaquil, no Equador. O canal estava ao vivo nesta terça-feira, 9, quando o grupo avançou sobre o estúdio e ameaçou os jornalistas e cinegrafistas. “Querem matar todos nós. Ajudem-nos, por favor”, escreveram jornalistas em mensagens enviadas para a polícia. Na segunda-feira, 8, Daniel Noboa já havia decretado estado de exceção em resposta a onda de violência com policiais sequestrados, fuga de presos e ataques com explosivos após a fuga da prisão de “Fito”, chefe de uma das gangues mais perigosas do Equador.
A transmissão não foi interrompida e ao fundo era possível escutar tiros, detonações e gritos. De acordo com as informações preliminares divulgadas pela imprensa local, o bando deixou uma dinamite na recepção e fez os profissionais da emissora reféns. “Estamos no ar para dizer que não se brinca com a máfia”, disse um dos criminosos.
Em outras cidades do país, como Esmeralda, perto da fronteira com a Colômbia, homens armados incendiaram carros e ameaçaram as pessoas que passavam. O presidente equatoriano, Daniel Noboa, declarou conflito armado interno e designou gangues que atuam no país como organizações terroristas. “Ordenei às Forças Armadas que realizem operações militares para neutralizar esses grupos”, disse nas redes sociais.
O país vive uma crise de segurança desde o assassinato do candidato a presidente Fernando Villavicencio, em 9 de agosto passado. Os marginais sequestraram sete policiais em Machala (sudoeste), em Quito e em El Empalme (sul), explodiram um posto policial, incendiaram carros e detonaram um artefato diante da casa do presidente da Corte Nacional de Justiça, Iván Saquicela.
Em penitenciárias de cinco cidades, detentos fizeram reféns 125 guardas carcerários e 14 funcionários administrativos. Na Universidade de Guayaquil, houve pânico e terror, depois que criminosos tentaram sequestrar estudantes. Alunos e professores ergueram barricadas dentro das salas de aula com cadeiras e mesas.
O candidato à presidência do Equador, Fernando Villavicencio, foi morto a tiros na quarta-feira, 9, enquanto deixava um comício político realizado no Anderson College em Quito, capital do Equador.
Segundo informações da imprensa local, cerca de 30 tiros foram disparados durante o evento. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram Villavicencio entrando em um carro após o comício, antes do som de aparentes tiros e gritos. Pelo menos 9 pessoas ficaram feridas no ataque.
O presidente do país, Guilherme Lasso, confirmou que a polícia detonou com segurança uma granada deixada pelos assassinos e explicou a possível motivação do crime.
“Este é um crime político, que tem caráter de terrorismo, e não temos dúvidas de que este assassinato é uma tentativa de sabotar o processo eleitoral”, disse Lasso em um comunicado em vídeo após a meia-noite, horário local, após se reunir com autoridades eleitorais e de segurança.