Uma iraniana de origem curda foi brutalmente açoitada com 74 golpes pela polícia moral do regime do Estado islâmico, na última quarta-feira (3), por não usar véu em público. Roya Heshmati, de 34 anos, uma crítica da obrigatoriedade do hijab, foi punida depois de ter sido publicada em abril do ano passado uma fotografia que a mostrava em rua de Teerã, a capital do país, com a cabeça descoberta. Roya ficou detida por 11 dias e teve laptop e celular confiscados. Inicialmente, a iraniana foi condenada a 13 anos e nove meses de prisão, multa de o equivalente a R$ 13 mil e 148 chibatadas. Mas a pena acabou revista.
A iraniana removeu desafiadoramente o véu quando chegou ao tribunal para ser punida e teve de ser contida para que os oficiais pudessem colocá-lo novamente.
O agente que cumpriria a sentença ameaçou acrescentar outros 74 golpes por causa da “ousadia”. Finalmente, duas mulheres algemaram Heshmati e colocaram-lhe à força um hijab, segundo um veículo iraniano independente citado pelo “Metro“.
Uma foto compartilhada nas redes sociais mostra os ferimentos dolorosos que o chicote deixou em suas costas.
O regime informou que a punição foi cumprida porque Roya estava “encorajando a permissividade” no país.
Nas redes sociais, Roya postou que “não cedeu”: “Mantive a minha postura e não usei o hijab“. As postagens foram localizadas por autorizadas e retiradas do ar.
Antes, a iraniana descreveu as instalações onde foi punida:
“Eles abriram a porta de ferro. A sala tinha paredes de cimento. Havia uma pequena cama no canto com algemas de ferro em ambos os lados… Uma câmara de tortura medieval.”
Roya também teve que pagar uma multa de 12,5 milhões de riais iranianos (cerca de R$ 1.450) por não usar o véu islâmico em público, disse Mazyar Tataei, advogado da condenada.
O Irã manteve as suas regras rigorosas sobre o uso do véu, apesar dos protestos generalizados e violentos em todo o país após a morte de Mahsa Amini, de 22 anos. A jovem, também uma mulher curda-iraniana, foi parada pela polícia moral e, segundo relatos, os agentes espancaram-na quando foi levada para um “centro de reeducação”,