Após a ação da Polícia Federal (PF) nesta terça-feira, 29, que cumpriu mandado de busca e apreensão contra o deputado estadual, Amauri Ribeiro (UB), colegas da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) e o presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Romário Policarpo (Patriota), comentaram o ocorrido.
O parlamentar foi alvo da Operação Lesa Pátria, que investiga o envolvimento de pessoas diretamente ou indiretamente ligadas aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Em uma oportunidade, Ribeiro admitiu em plenário ter ajudado manifestantes que estavam acampados em quartéis do Exército.
O deputado Mauro Rubem (PT), que debatia naquela ocasião com Amauri sobre o episódio golpista, celebrou a ação da PF desta terça.
“Temos que fazer com que o Estado democrático de direito seja respeitado e protegido. Todos aqueles que atentaram, financiaram, participaram e divulgaram os atos de golpe devem ser punidos. Acho que o deputado Amauri Ribeiro é um réu confesso e precisa ser levado à Justiça para pagar pelo que fez”, argumentou.
Por outro lado, deputados de direita criticaram a ação da PF e opinaram que esse tipo de operação é justamente contra o Estado democrático de direito. Apesar disso, Mauro Rubem discorda.
“Uma coisa é falar o que quiser e outra coisa é fazer atos de golpe militar. O que o deputado está sendo alvo de busca e apreensão é isso. Está muito longe de ser qualquer tipo de retaliação política, pelo contrário. O que tivemos foi uma eleição com tentativa de ser roubada, mas o Lula ganhou e no dia 8 tentou-se um golpe nesse país. Esses que ajudaram e financiaram devem ser punidos exemplarmente, seja deputado, militar, padre, jornalista, empresa”, completou.
Por fim, Mauro Rubem revelou que avalia seguir com algum tipo processo no Conselho de Ética contra Amauri Ribeiro por conta das declarações, mas reconhece a dificuldade.
“Sabemos que a grande maioria aqui, se depender da Casa, dificilmente vai ser punido e protegido. Vamos fazer essa análise ao longo do tempo. Agora, confiamos muito no desdobramento das investigações do Supremo Tribunal Federal”, concluiu.
Presidente da Alego
O presidente da Alego, Bruno Peixoto (UB), também comentou a repercussão da ação da PF contra Ribeiro. O parlamentar pregou cautela e revelou que pediu a cópia dos autos.
“Decisão judicial não questiona-se, cumpra-se. Assim foi feito. Nós estamos aguardando, já conversei com o advogado do deputado Amauri, que é o ex-senador Demóstenes Torres, para enviar cópia dos autos à presidência da Assembleia Legislativa. Conversei com o deputado Amauri Ribeiro, inclusive ele que me informou sobre seu advogado, que vai enviar à Assembleia a cópia dos autos”, destacou.
Ainda sobre o assunto, Peixoto ressaltou que a Constituição Federal assegura o direito de um deputado de expor seus pensamentos, desde que faça “com prudência e responsabilidade”.
Policarpo
O presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Romário Policarpo (Patriota), afirmou que vive-se um momento delicado no país, mas evitou opinar sobre o assunto.
“Um momento que talvez daqui 10 ou 20 anos esteja nos livros de história. Não posso opinar sobre o assunto, até porque não sei o motivo da busca e apreensão na casa do deputado. Ele tem a linha política dele, que respeito, posso não concordar com ela em diversos fatores”, comentou.
“Acho que a política passa por isso, não sei se foi por opinião política, ou de fato a Polícia Federal encontrou alguma evidência da participação direta, talvez tenha motivo para fazer isso. Agora, por opinião, talvez seja perigoso para a democracia. A gente não pode confundir opinião com atitudes que desrespeitam a democracia, isso também tem que ficar muito claro”, finalizou.