De acordo com o secretário da Comissão Especializada em Ginecologia Oncológica da Febrasgo, Jesus Paula Carvalho, este é o “principal câncer ginecológico”.
“No Brasil, temos cerca de 16 mil pacientes por ano”, disse, à CNN Rádio, no quadro Correspondente Médico.
Segundo o ginecologista, o “importante é que é um câncer que atinge mulheres jovens, dos 30 aos 40 anos é onde mais incide”.
A causa do câncer do colo de útero é a “infecção viral adquirida sexualmente, o Papilomavirus Humano, ou HPV”.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), os fatores que aumentam o risco são início precoce da atividade sexual e múltiplos parceiros, o tabagismo e o uso prolongado de pílulas anticoncepcionais.
O tratamento para cada caso deve ser avaliado e orientado por um médico. Entre os tratamentos para o câncer do colo do útero estão a cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia.
O tipo de tratamento dependerá do estadiamento (estágio de evolução) da doença, tamanho do tumor e fatores pessoais, como idade da paciente e desejo de ter filhos.
Um estudo apontou que, no Brasil, 6 em cada 10 mulheres com câncer do colo de útero esperam mais de 60 dias para conseguir iniciar o tratamento.
“Raramente se cumpre esse período por causa das filas, superlotação dos hospitais e dificuldade de acesso dessas pacientes ao tratamento”, disse Jesus Paula.
No caso do câncer do colo, ele destaca, isso é especialmente preocupante porque “é uma doença que se desenvolve ao longo de muitos anos, em algumas pacientes esse tempo chega a até 10 anos desde a infecção”.
O câncer do colo do útero é uma doença de desenvolvimento lento, que pode não apresentar sintomas em fase inicial, segundo o Inca.
Nos casos mais avançados, pode evoluir para sangramento vaginal intermitente (que vai e volta) ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal e dor abdominal associada a queixas urinárias ou intestinais.
Justamente por ser uma doença que se desenvolve de forma lenta, a pessoa pode passar “anos sem sintomas, mas a doença está lá”, diz o especialista.
“É possível ser detectada por exames de papanicolau e testes de HPV”.
Segundo o médico, geralmente as mulheres procuram o médico quando já estão com sintomas, em estágio avançado, como corrimento e sangramento durante relações.
Jesus de Paula Carvalho lembra que existe vacina contra o HPV, “altamente eficazes e são gratuitas e disponíveis no SUS desde 2014”.
Ela deve ser aplicada antes da mulher começar a vida sexual, de 9 a 14 anos, com duas doses: “Isso elimina entre 70 a 80% do risco do câncer”.
Os meninos também devem receber a vacina, já que são vetores para a transmissão.
*Com produção de Bruna Sales e informações de Lucas Rocha